segunda-feira, 3 de maio de 2010

já chega.

Estou farta do lirismo comedido, do lirismo bem comportado;
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente, protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farta do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas!
Todas as palavras, sobretudo os barbarismos universais !
Todas as construções, sobretudo as sintaxes de exceção !
Todos os ritmos, sobretudo os inumeráveis !
Estou farta do lirismo namorador, político, raquítico, sifilítico.
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo.
Será contabilidade tabela de co-senos, secretário da amante?
Exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar à uma mulher?
Quero antes o lirismo dos loucos, o lirismo dos bêbedos;
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos;
O lirismo dos clowns de Shakespeare

Não quero mais saber do lirismo que não é libertação!

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